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POEMAS DA CIDADE – 2025

Tema: Mundo digital: códigos que impõem barreiras


1. Apresentação

A Editora COOPACESSO se orgulha de celebrar o projeto Poemas da Cidade, que chega à sua 12ª edição. São doze anos de muita poesia, rimas, prosas, versos, histórias, memórias, encontros e aprendizados que seguem pulsando nas ruas, nas escolas, nas praças e nas palavras.

Neste novo ciclo, convidamos todos e todas a refletirem, por meio da arte e da palavra, sobre o tema: “Mundo digital: códigos que impõem barreiras”, com o olhar sensível e crítico sobre as formas silenciosas de exclusão que vêm se naturalizando no cotidiano urbano, social e ambiental..

A proposta é olhar com sensibilidade para os obstáculos invisíveis que a tecnologia tem criado em nossas cidades e vidas. Barreiras que nem sempre se veem, mas que afetam profundamente a forma como nos conectamos, nos expressamos e pertencemos.

Vivemos em redes, mas seguimos desconectados. A promessa de acesso universal à informação convive com algoritmos que filtram, isolam e silenciam. Em vez de pontes, muitas vezes nos deparamos com barreiras que impedem o diálogo, a escuta e o pertencimento.

Essas barreiras não são feitas de tijolos, mas de linhas de código, decisões opacas, infraestruturas excludentes. Elas moldam o que vemos, com quem falamos, o que sentimos e até o que compramos. Não se trata apenas de tecnologia: trata-se de poder, de acesso, de cidadania.

Ao mesmo tempo, a expansão digital tem um impacto real sobre o planeta. Às vésperas da COP 30, a Conferência do Clima da ONU que ocorrerá no Brasil, precisamos repensar com urgência os efeitos ambientais da cultura digital: extração de minérios, lixo eletrônico, consumo desenfreado de energia.



O que estamos dispostos a comprometer em nome da velocidade?

 

2. Perguntas-provocação

        - Quem decide o que aparece ou desaparece em nossas telas?

        - Quem é incluído nas promessas da inovação, e quem é deixado de fora?

        - Quais vidas são apagadas pelas lógicas digitais?

        - Como a exclusão digital reproduz desigualdades antigas?

        - Qual é o custo ambiental de vivermos sempre conectados?

        - Como conciliar tecnologia com equilíbrio ecológico e justiça social?

        - É possível um mundo digital guiado pelo Bem Viver?

 

3. Elementos Conceituais

O mundo digital transformou profundamente a forma como habitamos a cidade, nos relacionamos e participamos da vida pública. Mas essa transformação não é neutra. Os algoritmos que organizam a internet e as redes sociais são programados a partir de interesses que nem sempre favorecem a diversidade, a democracia ou a inclusão.

Vivemos um tempo de filtros invisíveis. Aquilo que nos chega às telas já passou por diversas camadas de decisão automatizada. Essa lógica cria zonas de exclusão digital, onde determinados grupos e territórios permanecem à margem da informação, da educação, da cultura e da própria cidadania.

Além disso, a digitalização também contribui com a crise ambiental global. O crescimento acelerado da tecnologia implica em extração intensiva de recursos naturais, produção de lixo eletrônico, e consumo de grandes quantidades de energia — geralmente geradas a partir de fontes poluentes.

É nesse contexto que emerge o conceito de Bem Viver, uma filosofia ancestral de origem indígena e andina que propõe uma vida em harmonia com a natureza, com o tempo e com o outro. O Bem Viver se contrapõe à lógica do lucro, da velocidade, do consumo infinito. E nos convida a pensar novas formas de viver, cuidar e se relacionar — também no mundo digital.

 

4. Conclusão

O Poemas da Cidade 2025 quer ser um espaço de criação, crítica e escuta. Um espaço onde a poesia não apenas narra o mundo, mas questiona as suas lógicas e propõe caminhos novos.

 

5. Para refletir:

- Como seriam os códigos de uma cidade mais justa?
- Como seria a internet dos afetos, da coletividade, da escuta?
- O que é preciso desprogramar em nós para que outras conexões sejam possíveis?

Que esta edição nos ajude a reimaginar a cidade e a vida digital com coragem, beleza e compromisso com o Planeta Terra. Que a poesia revele as brechas, transforme os limites e semeie redes reais, de cuidado e partilha.